CTFF-0104 - Área Protegida do Macico Montanhoso Central (CT3)


O Maciço Montanhoso Central da ilha da Madeira é um SIC (Sítio de Importância Comunitária) que compreende toda a cordilheira montanhosa da Ilha da Madeira, incluindo as áreas localizadas acima dos 1.400m de altitude, com uma área de 8.212 hectares. Consideram-se duas zonas distintas, a parte Oriental e a Ocidental. É na parte oriental, o Maciço Montanhoso Oriental, que se situam os picos de maior altitude do arquipélago da Madeira, sendo os mais relevantes, o Pico Ruivo de Santana (1862m) e o Pico do Areeiro (1818m). Esta zona é atravessada por uma densa rede de filões vulcânicos orientados em várias direcções, havendo, no entanto, uma certa convergência para a zona do Pico Ruivo. O relevo do MMO é em geral muito acidentado, com predominância de escarpas com declives superiores a 45%. Este aspecto é, em grande parte, consequência da erosão diferenciada provocada pela água sobre as rochas piroclásticas, sendo comuns vales profundos, precipícios, gargantas apertadas e paredes abruptas instáveis que frequentemente desabam por acção da gravidade. O MMO apresenta uma forte precipitação, superior a 2000mm/ano. A humidade média anual é também muito elevada, a rondar os 80%, sendo que no Inverno são atingidos os valores mais elevados e no Verão os mais baixos. Esta zona apresenta, em média anual, 241 dias com nevoeiro de origem orográfica. O MM tem uma grande importância na recarga dos aquíferos, devido à geologia, relevo, elevados níveis de precipitação, elevado número de dias com nevoeiro e existência de uma cobertura florística. Esta última desempenha um papel essencial na captação de água dos nevoeiros (in lifemmo.sra.pt).

Flora & Fauna

Cerca de 27 táxones endémicos da ilha da Madeira estão restritos ou ocorrem preferencialmente no MMC. Outros táxones indígenas, mas não endémicos, também possuem a sua distribuição preferencialmente restrita ao MMC, e.g. Erica arborea e Bupleurum salicifolium subsp. salicifolium. A flora não vascular (musgos e hepáticas) é menos rica em diversidade específica que a flora vascular. Os briófitos apresentam uma grande cobertura e desempenham funções importantes na colonização, na estabilidade do solo e na dinâmica dos ecossistemas. Encontram-se contabilizados 123 táxones, dos quais 87 são musgos e 36 são hepáticas. A percentagem dos táxones endémicos da Macaronésia corresponde a 5,6% do total de táxones. Algumas espécies que ocorrem acima dos 1.300m de altitude estão restritas apenas aos picos mais elevados.

A diversidade faunística no MMC é elevada, apesar das condições físicas e climáticas agrestes que o caracterizam. Ao nível das espécies exclusivas desta área, relevamos os artrópodes e os moluscos no grupo dos invertebrados; e os répteis, as aves e os mamíferos no grupo dos vertebrados. As aves são em número muito reduzido de espécies e subespécies, mas apresentam uma elevada taxa de endemismo. O MM é a única área conhecida de nidificação no mundo para a população da freira-da-madeira. Destaca-se ainda a existência de colónias da ave marinha fura-bucho do Atlântico. É ainda de realçar a nidificação do pardal-da-terra, do correcaminhos e do andorinhão-da-serra, bem como da subespécie macaronésica fura-bardo. Nas altitudes mais baixas do MM, e no limite superior do habitat Laurissilva Macaronésica, ocorre o pombo-torcaz. A malacofauna do MM apresenta um estado de conservação preocupante. Das 32 espécies endémicas que constituem a malacofauna, 27 (84%) constam da Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da IUCN (2011), apresentando distintos níveis de ameaça: 2 encontram-se criticamente ameaçadas,a Actinella obserata e a Leiostyla cassida, sendo a última exclusiva do MM e constando do anexo II da Directiva Habitats; a Actinella carinofausta encontra-se em perigo, enquanto que 8 espécies possuem o estatuto de vulnerável, duas delas exclusivas da zona sub-alpina: Leiostyla heterodon e Leiostyla colvillei. A herpetofauna terrestre está limitada apenas à Lagartixa (Lacerta duguesii), espécie endémica do arquipélago da Madeira. No que diz respeito aos invertebrados terrestres, destaca-se a Ordem Coleoptera, onde são conhecidas várias famílias com elevada representatividade quer ao nível de espécies, quer de endemismos. Refira-se a família Estafilinídeae que apresenta 50 táxones endémicos fortemente associadas às zonas de maior altitude da ilha da Madeira.

Texto por CU3AA


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